Entrevista Fabio Zanon por Marcelo Kayath

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The Romantic Guitar

Schumann, Liszt e Bobrowicz, Mendelssohn, Regondi, Coste e Mertz.

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O Violão Romântico

A morte de Beethoven em 1827 e a Revolução de Julho de 1830 marcam a chegada à maturidade da primeira Geração Romântica de compositores que formularam as premissas básicas do que hoje entendemos como Romantismo em música. Podemos ver em Schumann, Mendelssohn, Liszt, Berlioz, Chopin e Bellini o desafio de se encontrar uma maneira mais ambígua de transformar sua experiência pessoal, afetada pela arte, literatura e política, em um objeto artístico. Essa mesma baliza marca o final da Era de Ouro do violão; sua popularidade passa por acentuado declínio. Entretanto, os compositores-violonistas desse período – Coste, Mertz, Bobrowicz e Regondi – compartilhavam as preocupações estéticas de seus colegas.

Na década de 1830 a música de Franz Schubert foi “viralizada”; tão populares tornaram-se seus lieder que editores lhe atribuíam a autoria de obras de compositores menores. É o caso deste Adieu!, de cujo autor, August Heinrich von Weyrauch, pouco se sabe. Aceita como um autêntico Schubert, caiu no gosto popular, sendo transcrita até mesmo por Liszt, para piano solo, e por Tarrega para o violão, versão aqui apresentada com pequenas correções. Paris era o centro de atividade desta geração. O mais destacado compositor-violonista francês conviveu com este grupo: Napoleon Coste era natural de Amondans, e fixou-se em Paris, onde estudou com Fernando Sor. Suas obras abandonam a moldura clássica de seu professor e buscam uma forma mais fluida e descritiva. Várias obras suas celebram a nostalgia da vida campestre, como La Source du Lyson, op.47. A nascente que brota de uma gruta e cai em forma de cascata é descrita na primeira parte; a segunda seção é um idílio bucólico e a terceira descreve uma festa de camponeses.

Robert Schumann é a figura central do Romantismo alemão; um compositor no limiar entre fantasia e insanidade, entre tradição e inovação. Schumann casou-se com Clara, uma grande pianista, com quem teve sete filhos num período de febril atividade. A ternura de sua relação com as filhas é preservada nas suas três Sonatas Infantis, op.118; elas foram compostas, em graus progressivos de dificuldade, para as filhas que completaram respectivamente 8, 10 e 12 anos em 1853. Seus detalhes encantadores ou pitorescos são realçados na transcrição de Julian Bream.

Natural de Pressburg, hoje Bratislava, Eslováquia, Johann Kaspar Mertz fez sua carreira em Viena e é autor de uma copiosa produção de obras de estonteante expressividade. Seu alinhamento com a geração romântica é evidente nas miniaturas poéticas de Bardenklänge (Sons do Bardo), op.13. Esta Canção sem Palavras evoca as obras de Mendelssohn de mesmo nome. A existência aventuresca de Jan Nepomucen Bobrowicz era desconhecida até bem recentemente. Natural de Cracóvia, ainda criança estudou com Giuliani em Viena; de volta à Polônia, seu envolvimento em movimentos políticos forçou-o ao exílio. Fixando-se em Leipzig, as restrições de sua condição de exilado político impediram-no de expandir a carreira musical; de 1837 até o final de sua vida ele trabalhou como editor de livros.

A Grande Polonaise, op.24 é uma peça de envergadura única neste período, seja por seu caráter heroico, que antecipa as polonaises de Chopin, quanto por suas inéditas exigências técnicas e inusitado plano formal.

As mais de 50 Canções sem Palavras de Felix Mendelssohn privilegiam a expressão mais íntima numa época de virtuosismo e contribuíram para disseminar o nome do compositor entre um público de pianistas amadores. Várias delas foram transcritas para violão já no século XIX; Gondoleira Veneziana evoca os violões que ouviu durante sua visita a Veneza. Consolação explora sua faceta mais contemplativa.

Esquecida por boa parte do século XX, a música de Giulio Regondi voltou a ocupar um lugar central no repertório romântico de violão. Nascido em Lyon (alguns autores dizem que em Genebra), Regondi brilhava nos palcos de toda a Europa já aos oito anos de idade. Fixou-se em Londres, de onde conseguiu manter uma carreira de êxito até abandonar precocemente os palcos. A maioria de suas obras foi publicada na década de 1860 e compara-se favoravelmente à melhor música de piano de sua época, especialmente esta Introdução e Capricho, op.23, onde a afinidade com a música de Mendelssohn é evidente.

Conhecido pelo arrojo das obras poéticas de sua juventude e pelos experimentos formais de seus poemas sinfônicos da maturidade, Franz Liszt, em seus últimos anos, escreveu um grande número de obras experimentais, soturnas, extáticas ou de aspecto inacabado, num retorno à ideia do fragmento literário. Estas miniaturas, reflexo da depressão da velhice, adaptam-se bem à intimidade expressiva do violão. O Andantino explora o aspecto da religiosidade em termos instrumentais, e Nuages Gris lança uma seta ao futuro modernista, ao evitar intransigentemente a tonalidade até o último acorde.

©Fabio Zanon 2016

Músicas

Napoleon COSTE (1805-1883) 
01- La Source du Lyson, op.47 10’00

August Heinrich von WEYRAUCH (1788-1865),
attributed to
Franz SCHUBERT (1797-1828),
transcribed by Francisco Tárrega/Fabio Zanon


02 – Adieu! (Nach Osten) 

Giulio REGONDI (1822?-1872) 
03 – Introduction et Caprice, op.23

Felix MENDELSSOHN (1809-1847), transcribed 
by Francisco Tárrega/Fabio Zanon
2 Lieder ohne Wörte
(Songs Without Words)

04 – Venezianisches Gondellied (Venetian Boat Song), op.19 no 6 
05 – Consolation, op.30 no 3 2’42

Johann Kaspar MERTZ (1806-1856) 
06 – Bardenklänge, op.13: Lied ohne Wörte
(Song Without Words) 

Robert SCHUMANN (1810-1856), transcribed by Julian Bream

KINDERSONATE (CHILDREN’S SONATA), OP.118 A

07 – Allegro 
08 – Thema mit Variationen (Theme with Variations) 
09 – Puppenwiegenlied (Doll’s Cradle Song)
10 – Rondoletto

Jan Nepomucen BOBROWICZ (1805-1881) 
11 – Prémière Grande Polonaise, op.24

Franz LISZT (1811-1886), transcribed by Fabio Zanon 
12 – Andantino, S.192 1’44 
13 – Nuages Gris (Gray Clouds)

Ficha Técnica

The Romantic Guitar

Idealização: GuitarCoop 
Gravação: Estúdio Cantareira / Estúdio Giba Favery 
Data: 2015 
Engenharia de Som: Ricardo Marui 
Assistentes de gravação: Henrique Caldas 
Edição e Mixagem: Ricardo Marui, Fabio Zanon, Everton Gloeden e Henrique Caldas
Estúdio Cantareira / Estúdio Giba Favery 

Masterização: Homero Lotito – Reference Mastering Studio 
Produção Musical: Camilo Carrara / Everton Gloeden 
Fotos e Vídeos: Eduardo Sardinha
Design Gráfico e Web: Eduardo Sardinha

Textos: Fabio Zanon, Camilo Carrara
Produção Executiva: Lilah Kuhn 
Tradução para o inglês: Fabio Zanon
Assessoria de Imprensa: Cláudia Rolim
Violão: Robert Bouchet 1964 – Cortesia de Marcelo Kayath
Cordas: Augustine
Microfones: Royer SF-24, DPA 2006 
Sistema de Gravação: Pro Tools HD2 
Pré-amplificador: Millenia HV-3D 
Monitoração: B&W 804 
Amplificador: Anthem MCA 20 
Software de gravação e edição: Pro Tools 8 HD 
Cabos: Audioquest King Cobra 
Agradecimentos: Equipe de produção da GuitarCoop, Fundação Maria Luísa e Oscar Americano; Maria Ignez Barbosa; Brigitte Zaczek. Esta gravação é dedicada à Mariana Barbosa.

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