Para entender a música composta por Andrés Segovia não podemos esquecer sua trajetória de vida. Ele foi o maior violonista do século vinte e sua figura domina a história do violão no último século com a grandeza indiscutível de um monarca. Ele foi o concertista mais admirado pelo público, mais elogiado pelos críticos e mais procurado por produtores. Ele também foi catalizador de um novo repertório de peças originais para violão: compositores europeus e latino-americanos pronta e entusiasticamente escreveram para ele.
Sua produção musical, porém, foi afetada pelo número exorbitante de concertos que ele tocava pelo mundo. Poucos outros virtuosos poderiam sustentar o ônus de uma agenda cheia ao longo de setenta e oito anos (ele deu o seu primeiro recital em Granada em 1909 e seu último em Miami em 1987, aos 94 anos). Segovia humildemente tomou para si a tarefa de suportar a fadiga e desconforto de suas contínuas viagens, que o forçavam a passar a maior parte do tempo em quartos de hotéis. Um feriado era considerado um luxo que ele só podia se conceder em raros momentos.
Essa vida itinerante e precária deu origem a uma curiosa contradição. Por um lado, Segovia continuou encomen-dando novas obras para violão de diversos compositores, prometendo performances e gravações. Por outro, como o tempo para se dedicar às peças não era muito, ele muitas vezes tinha que se desculpar com os compositores, reclamando da falta de tempo de estudar e apresentar aquilo que queria.
Assim, surgiram dois repertórios segovianos: o que ele conseguiu assimilar, tocar e gravar (o repertório que ficou conhecido mundialmente); e o que permaneceu desconhecido (obras que foram descobertas e publicadas somente após a virada do milênio). Como ele foi capaz, dentro de tais restrições, de escrever suas próprias breves composições é uma pergunta que só pode ser respondida à luz de seu inesgotável ímpeto criativo. Apesar da abundância de obras dedicadas a ele por compositores, alguma coisa dentro dele requeria um modo de expressão mais direto e pessoal.
Entre as obras compostas por Segovia estão os Estudios, os Preludios, as Anecdotes, e as Canciones Populares. Entre elas também se encontra uma peça recém descoberta, o curioso Fandango de la Madrugada, escrito em Montevideo durante a II Guerra Mundial.
Nessa peça ele evoca a sua remota Andaluzia e vibra com memórias do flamenco que o seduziu quando criança, antes do surgimento do talento que faria dele o rei do violão. Angelo Gilardino (Tradução: David Molina)
ANDRÉS SEGOVIA (1893 – 1987)
01 – Macarena 0’53
PRELUDIOS
02 – Preludio No. 1 0’42
03 – Preludio No. 3 1’04
04 – Preludio No. 4 0’33
05 – Preludio No. 8 1’30
06 – Preludio No. 9 0’41
07 – Preludio No. 10 0’52
08 – Preludio No. 11 1’07
TRES PIEZAS BREVES
09 – I. Canción 1’09
10 – II. Romacillo 2’27
11 – III. Postlude 1’47
12 – Impromptu 1’33
ESTUDIOS
13 – I. Oración 2’26
14 – II. Remembranza 3’06
15 – Estudio Sin Luz 3’06
16 – Prelude in Chords 1’00
17 – Recordando a Deli 2’57
18 – Estudio para Deli 1’30
FOUR EASY LESSONS
19 – Easy Lessons I 0’40
20 – Easy Lessons II 0’33
21 – Easy Lessons III 0’38
22 – Easy Lessons IV 0’22
23 – For Carl Sandburg 0’31
LESSON
24 – Lesson No. 11 1’10
25 – Lesson No. 12 1’04
CANCIONES POPULARES de distintos países
26 – Croata 0’32
27 – Bretona 1’05
28 – Catalana 1’18
29 – Francesa 1’27
30 – Inglesa 1’29
31 – Irlandesa 0’52
32 – Polaca 1’16
33 – Serbia No. 11 0’34
34 – Serbia No. 12 1’22
35 – Rusa 1’26
36 – Fandango de la Madrugada 5’28
TOTAL 50’10
Idealização: GuitarCoop
Gravado na: Camilleri Hall at the Brain and Creativity Institute, University of Southern California. Los Angeles, CA, USA.
Datas: August and December, 2016
Engenharia de Som: Kai Narezo
Produção Musical: John Dearman
Edição: Everton Gloeden, Ricardo Marui
Mixagem: Ricardo Marui
Masterização: Homero Lotito
Textos: Angelo Gilardino, David Collett
Tradução: Joe LoPiccolo, David G. Molina
Design Gráfico: Eduardo Sardinha, Patricia Millan
Fotos: Felix Salazar Violão / Guitar: 1969 Ramirez “A.M.”, ex Segovia
Cordas: Augustine Regal, Red
Microfones: Norbert Pape / Stephen Paul AKG C12, AEA R44CE, Neumann U87, Neumann TLM170r, Pair Neumann KM84, Pair AKG 451 w/ ck28 capsules
Sistema de Gravação: Apogee Ensemble Interface
Pré-amplificador: AEARPQ500, Radial PowerPre and Neotek Series 1e
Agradecimentos:
Special thanks to: Ivan Zawinul (Camilleri Hall); Max Brenner; David Norton; Angelo Gilardino; Michael Lorimer; David Collett; Tara Stewart; Stephen Griesgraber and Augustine Strings.