Certa vez, em uma conversa com o grande violonista, compositor e produtor João de Aquino, ele soltou a seguinte frase, que nunca mais me saiu da cabeça: “O Brasil é como uma árvore gigante; se você chacoalhar, não para de cair violonista bom”. Nesta sorte de infindáveis “espécies”, o que dizer desse solo fértil que já nos deu Garoto, Baden, Dino, Meira, Raphael, Di- lermando, Pernambuco, Guinga, Turíbio, Rosinha e João Gilberto?
Provando mais uma vez de seu poder de renovação inesgotável, aquela mesma árvore nos brindou, de uns anos para cá, com outro fenômeno: João Camarero, que desde seu primeiro disco já não era uma promessa, mas uma bem-vinda e confirmada realidade.
A segunda virtude de Camarero é a de não se furtar em apresentar suas composições.
É como se os grandes mestres do passado tivessem desbravado e aberto clarões em um canavial musical desconhecido. De nada adiantaria um violonista de hoje apenas retrilhar os passos de seus antecessores e ficar perdido, sem saber para onde ir neste “canavial descampado”. João Camarero já encontrou o seu caminho.
Lucas Nobile